25/02/2013
O advogado de Jorge
Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno Fernandes, informou nesta
segunda-feira que não trabalha mais para o cliente. Eliézer Jônatas de
Almeida Lima está deixando a defesa de Jorge depois da entrevista
concedida pelo cliente ao programa Fantástico, nesse domingo. O jovem,
que é testemunha chave sobre o desparecimento e morte de Eliza Samudio,
tentou livrar o ex-atleta do crime e culpar Luiz Henrique Romão, o
Macarrão. Jorge foi muito contraditório em toda a entrevista.
Eliézer
Jônatas disse que não “participou” da decisão de Jorge em aparecer na
TV e dar entrevista. O primo de Bruno estava no Programa de Proteção à
Testemunha até dezembro de 2012, mas pediu para sair. O advogado disse
que ficou muito chateado com a decisão do cliente em perder a proteção
oficial, porém, acatou a escolha.
Agora o criminalista afirma que
Jorge não precisa mais dele. Jorge não tem mais dívidas com a Justiça,
conforme informou o advogado. Como era menor na época do crime, cumpriu
medida socioeducativa de 2 anos e 8 meses e está livre. De acordo com
Eliézer Jônatas, se Jorge é homem suficiente para dar uma entrevista
como a de ontem, ele pode agora caminhar sem a ajudar do advogado.
Aproximação do júri
O
goleiro Bruno será julgado no dia 4 de março. Macarrão já foi condenado
no ano passado. A Defesa e acusação pediram que Jorge, dispensado do
banco de testemunhas no julgamento de Macarrão, em novembro, fosse
convocado para depor no tribunal de júri de Bruno. O Tribunal de Justiça
de Minas Gerais (TJMG) confirmou hoje que ele está arrolado como
testemunha, tanto dos advogados como do Ministério Público de Minas
Gerais. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro acredita que,
diante dos jurados, Jorge poderá, enfim, contar toda a verdade sobre a
morte da ex-amante de Bruno.
Entrevista
Jorge
quebrou o silêncio e apontou Macarrão como mandante do crime, mas não
conseguiu livrar o ex-capitão do Flamengo da suspeita de ter articulado o
assassinato de Eliza. Nervoso e reticente, ele respondeu às perguntas
procurando incriminar Macarrão, chegando a dizer que o braço direito de
Bruno queria matar a dentista Ingrid Calheiros, na época uma das
namoradas e hoje mulher do goleiro.
“Ele falou que tinha que
matar a Ingrid porque ela não fazia bem para o Bruno. Eu precisava de
dinheiro e pensei em fazer isso, mas depois desisti”, disse Jorge. Pelo
serviço, Macarrão pagaria R$ 15 mil a Jorge. O rapaz contou detalhes do
sequestro de Eliza, que foi retirada de um hotel no Rio num carro com
Macarrão e com ele. Jorge revelou que os dois deram socos no rosto da
mulher durante uma discussão.
Quanto aos dias que antecederam a
morte da ex-amante do atleta, período em que ela ficou no sítio de
Bruno, em Esmeraldas, Jorge, na primeira parte da entrevista, apontou
Macarrão como o articulador e mandante do assassinato, dizendo que Bruno
foi pego de surpresa e não sabia de nada.
Essa versão foi
mantida quando Jorge narrou detalhes da noite em que Eliza foi morta,o
que ocorreu em 10 de junho de 2010. Ele disse que a mulher foi colocada
em um carro junto com o filho Bruninho, Macarrão e ele, com a desculpa
de que seria levada para um hotel e receberia R$30 mil. Guiados por um
motociclista, que Jorge não identificou, mas que a polícia suspeita ser o
ex-policial José Lauriano de Assis, o Zezé, Macarrão levou o carro até
uma casa, onde Eliza entrou com o filho e foi assassinada.
Neste
ponto, a versão do menor contradiz totalmente o que Macarrão declarou em
seu julgamento,em novembro. Na ocasião,o amigo e confidente de Bruno
afirmou ter levado até um homem, na Região da Pampulha. Esse
desconhecido desceu de um carro preto e fez Eliza embarcar no veículo.
Depois disso, a mãe de Bruninho não foi mais vista. Jorge também alterou
o que ele mesmo disse à Justiça,em 2010,quando revelou os primeiros
detalhes do caso.
Na entrevista de ontem, ele negou ter visto um
homem estrangular Eliza. Na nova versão, Jorge disse que Macarrão entrou
com Eliza e Bruninho numa casa e depois de 30 ou 40 minutos, só
Macarrão saiu. Já no carro, Macarrão lhe contou que Eliza havia sido
estrangulada pelo desconhecido e que, depois de morta, teria sido
chutada pelo próprio Macarrão. Quanto a Bruninho, Jorge afirmou que a
criança só não foi assassinada porque o executor de Eliza se recusou a
praticar o crime.
Medo
Jorge negou conhecer o ex-policial
Marcos Aparecido dos Santos,o Bola, que ele mesmo apontou como o
assassino de Eliza. “Bola, que Bola?”, chegou a perguntar à repórter,
demonstrando todo o medo que sente do ex-policial. Também procurou
defender Bruno, dizendo que o goleiro não sabia de nada e teria ficado
desesperado quando Macarrão lhe contou como havia se livra do de Eliza.
Depois, quando a entrevista já havia sido encerrada, Jorge voltou atrás e
pediu para responder de novo a algumas perguntas. E em suas respostas
não foi tão enfático na defesa que fez do primo. Ele afirmou que o primo
não mandou matar, mas sabia que isso aconteceria. “Não tinha como não
desconfiar. Estava debaixo do nariz dele. Como Macarrão do jeito que
gostava tanto dele, fazia qualquer coisa por ele, não desconfiar daquilo
ali?Não mandou matar, mas...”
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