O surpreendente anúncio da renúncia do Papa Bento XVI é destaque nas
primeiras páginas dos jornais de todo o mundo, que analisam o impacto da
decisão para a Igreja católica e especulam sobre o nome do sucessor do
Santo Padre, que pela primeira vez pode não ser europeu.
A
renúncia do Sumo Pontífice de 85 anos aparece na primeira página de
todos os jornais britânicos, que elogiaram as qualidades pessoais de
Bento XVI e tentaram antecipar o continente do sucessor.
O
Guardian publica uma foto de Bento XVI e destaca que "a renúncia do papa
transtorna a Igreja". "Teologicamente e politicamente era a prolongação
de João Paulo II, com suas qualidades e defeitos".
"Estou muito
frágil para continuar", cita o Times, ao mencionar uma frase do Papa,
cuja renúncia revela, segundo o jornal londrino, as imensas mudanças que
se perfilam no horizonte do papado no século XXI.
O jornal
considera a decisão do Papa "digna e desinteressada", mas afirma que seu
sucessor deverá fazer da Igreja católica "uma instituição mais
colegiada".
Para o Daily Telegraph, que publica uma enorme foto
de Bento XVI com uma vela sobre um fundo escuro, a renúncia do papa
"transtorna o mundo inteiro".
"Posto vacante: se busca um novo
líder para 1,2 bilhão de católicos", destaca o jornal The Independent,
para o qual o anúncio do papa deixou a Igreja sob uma "tormenta".
"Auf Wiedersehen, Pope", escreve o Sun ao lado de uma foto de Bento XVI saudando uma multidão.
"Virá
um Papa da América, Ásia ou África?", pergunta o jornal argentino
Clarín em um editorial publicado em seu site, no qual destaca que com a
renúncia de Bento XVI se abre a possibilidade de que "um cardeal, já não
italiano, inclusive um não europeu, seja eleito pontífice".
Segundo
o jornal, "não se trata de uma disputa geográfica, e sim de fundo". "A
Europa – de onde sempre saíram os papas - tem um catolicismo
praticamente em retirada", enquanto em contrapartida, completa, "África e
Ásia têm regiões onde o cristianismo romano se expande com vigor. E a
América Latina, apesar de ter claros-escuros, contêm mais de 40% dos
católicos do mundo".
No Brasil, o jornal Folha de S. Paulo
destacou em seu site: "Brasileiros, italianos e um africano estão entre
os possíveis sucessores de Bento XVI"
O jornal destaca que na lista de "favoritos" estão dois brasileiros: João Braz de Aviz, 65 anos, e Odilo Pedro Scherer, de 63.
Todos os jornais franceses destacaram a renúncia do papa.
O
católico La Croix afirma que a "decisão de Bento XVI é uma surpresa
pela metade. Em várias oportunidades, durante seu pontificado, havia
anunciado que não hesitaria em renunciar no caso de padecer uma
incapacidade física, psicológica ou espiritual para cumprir com as
tarefas de sua função".
"É um homem de fé que decidiu retirar-se com a consciência de ter dado tudo o que podia pelo bem da Igreja", completa o jornal.
O
Figaro publica uma edição especial na qual elogia a "humildade" de
Bento XVI que "afirmou que os desafios da Igreja contemporânea excediam
suas forças".
"Esta decisão abre uma era inédita na história da
Igreja católica moderna: o próximo conclave acontecerá enquanto o papa
está vivo".
"Papus interruptus": esta é a manchete do Libération,
que escreveu em latim seu editorial sobre a renúncia do papa na página 3
e sua tradução ao francês na página 11.
"Ninguém saberá jamais
se Bento XVI cedeu à fadiga física ou metafísica. Se o corpo não dá
suporte à força que a tarefa necessita. Ou se a alma que já não
acredita", afirma o jornal.
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