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Um ato ecumênico começou por volta das 16h30 desta sexta-feira (7) e foi encerrado às 17h durante o velório de Oscar Niemeyer no Palácio da Cidade, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Às 17h, os batedores começaram a se prepararar para levar o caixão com o corpo de Niemeyer para o carro do Corpo de Bombeiros. O corpo chegou ao cemitério São João Batista às 17h30, também na Zona Sul, onde será enterrado.

O arquiteto morreu às 21h55 de quarta-feira (5), aos 104 anos, em decorrência de uma infecção respiratória, no Hospital Samaritano, no mesmo bairro. O padre Jorjão e o rabino Nilton Bonder estavam entre os participantes da cerimônia ecumênica. Ao final do ato, um grupo puxou o hino comunista.

"Oscar Niemeyer deixa uma obra fantástica em nome de nosso país” disse o rabino Nilton Bonder ao dar início à cerimônia.
Em seguida, o pastor luterano Mozart disse que "iemeyer teve uma vida longa, mas que a vida de um ser humano não se mede pela quantidade de anos e sim pela intensidade que se vive.

"Pela primeira vez um rabino, dois padres católicos e um pastor luterano fazem uma celebração ecumênica pela alma de um ateu comunista. A fé remove montanhas", disse o pastor, que ainda cantou a música "cântico ao pescador" de Dorival Caymmi sendo acompanhado pelos presentes.

Na celebração, Padre Jorjão disse que "nenhum homem projetou tantas igrejas como Niemeyer" e lembrou a beleza da Catedral de Brasília. "A obra fala mais que a palavra", disse o padre.

O velório foi aberto ao público às 8h30 desta sexta. Durante a madrugada, a cerimônia foi reservada para parentes e amigos de Niemeyer.

Pouco antes de os portões serem abertos, o governador Sérgio Cabral, o vice Luiz Fernando Pezão e o prefeito Eduardo Paes entraram para uma breve cerimônia ao lado de familiares. Em seguida, dezenas de pessoas começaram a entrar. O caixão, coberto com uma bandeira do Brasil, está fechado e o rosto do arquiteto pode ser visto através de um vidro.
Entre os fãs que foram ao local para prestar homenagem ao arquiteto, o pequeno Richard Lourenço Dias, de apenas 6 anos, ganhou destaque nas fotos que rodaram o mundo. "Minha construção preferida é o sambódromo", contou o menino.
Das mais de 40 coroas de flores recebidas pela família, há uma enviada em nome do líder comunista cubano Fidel Castro, direcionada "ao incondicional amigo de Cuba Oscar Niemeyer".
O poeta Ferreira Gullar lamentou a morte do amigo. "Vim me despedir do Oscar. É uma perda incalculável para o país e para a arquitetura mundial. Ele tinha uma arquitetura poética. Introduziu não só a forma curva, mas também a leveza. Os prédios parecem flutuar. Para nós, amigos, é uma dor irreparável."
Luís Carlos Prestes Filho, presente ao lado da mãe, Maria Prestes, lembrou a amizade do arquiteto com seu pai. "Papai e Oscar Niemeyer foram os grandes comunistas do Brasil. A população não perde apenas um grande artista, mas também um grande homem. Sempre foi muito solidário com papai."

Outros que passaram pelo velório foram o jornalista Merval Pereira, o escritor Zuenir Ventura, o cartunista Ziraldo, o arquiteto Paulo Casé e os políticos Jaime Lerner, também arquiteto e ex-governador do Paraná; Antônio Anastasia, governador de Minas Gerais; e Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte.

Um caminhão do Corpo de Bombeiros que levará o caixão ao cemitério São João Batista por volta das 16h40 já estva estacionado no pátio do Palácio da Cidade. O comboio terá o apoio de batedores da Guarda Municipal. No momento em que o corpo sair do palácio, a Rua Real Grandeza e parte das ruas São Clemente e Voluntários da Pátria serão interditadas.
'Um ser humano inigualável'
"Foi um homem perfeito, um ser humano inigualável. Isso está na boca de todo mundo. Ele foi aplaudido pelo povo. Ele encantou o mundo todo", disse Jaime Lerner.
O corpo do arquiteto voltou ao Rio na noite desta quinta-feira (6), após um primeiro velório em Brasília. De acordo com o Terceiro Comando da Força Aérea Regional, o corpo chegou ao Aeroporto Santos Dumont às 22h08 e, em seguida, foi levado para o Palácio da Cidade, onde chegou às 22h35.
A estudante de arquitetura Gisela Aguiar foi a primeira a chegar na fila para o velório no Rio. Nascida em Brasília e moradora do Rio, ela contou que sempre admirou as obras de Niemeyer.
"Ele fez aquelas edificações belíssimas em Brasília. E esta é uma forma de prestar uma homenagem a ele. Todos os professores admiram a obra dele e falam que a Catedral da capital federal e o Palácio do Planalto são lindos", contou a moradora do Flamengo.

O enterro está programado para o fim da tarde desta sexta-feira, no Cemitério São João Batista, também em Botafogo.

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